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História de Vida de Fernanda Alaíde
 
Título: Meu legado  

Bom, acho que eu sou a pessoa que não tem o sofrimento igual de uma mãe, que tem um filho com câncer. A minha história é um pouco diferente da maioria aqui. Mas quero compartilhar com vocês. 

Eu sou Fernanda, tenho 19 anos. Sou de SP. E atualmente moro em Maceió (há 2 meses). Enfim, eu tive contato com o câncer, desde quando estava no céu. Meus pais moravam no Ceará, e os dois nunca tinham se visto. Minha mãe era enfermeira e meu pai gerente de uma sorveteria na época. Um certo dia, meu pai passou muito mal, e foi para o hospital. Chegando lá, minha mãe fez os exames nele. Após o resultado, deu que era uma anemia. E nisso já foi o susto. Meu pai novo, naquela época esse tipo de doença assustava. Depois de um tempo, essa anemia não teve melhoras, e foi aí que foi constatado o câncer, leucemia.

Minha mãe já tinha se apaixonado por meu pai, e foi ali, no leito do hospital que eles se apaixonaram e decidiram que daquele momento em diante, ninguém iria os separar. Com a doença avançando, resolveram se casar, e assim foi. No Ceará não tinha recurso para um transplante e tinha a luta para conseguir um doador de medula, e os médicos falaram que o melhor a fazer era ir pra SP, pois só lá ele tinha a chance de sobreviver. E aí começou a luta. Minha mãe abandonou tudo, foi contra a vontade de todos da família, foi atrás da vida. Chegando em SP, teve a luta para conseguir o doador, os médicos falaram que era melhor ver a família, para ver se tinha alguém compatível. E assim os irmãos começaram a vim do Ceará para SP, para ver se era compatível, e nenhum deles eram. Até que meu pai tinha a irmã caçula que estava na Bahia e ela não queria ir de jeito nenhum para SP. E depois de muitas conversas ela acabou indo, e olha só ela era COMPATÍVEL. 

Bom, e com isso começou todo o processo, mas meu pai com medo disse "Eu sou vou fazer o transplante se a Nora (minha mãe) engravidar". Só tem uma coisa nisso tudo que eu esqueci de contar. Minha mãe não podia engravidar. E aí eles falaram que ia adotar, e o processo de adoção demora tanto. E minha mãe voltou para o Ceará e conversou com meu vô paterno sobre o pedido do meu pai. E meu avô disse "Calma, não adotem agora, você vai engravidar" e na mente dos médicos era impossível. Mais minha mãe continuou o tratamento, e foi assim um pouco depois que meu vô disse aquelas palavras. Minha mãe chega com o resultado de uma gravidez.

[...]

 Eu me lembro pelas fotos que eu vejo, uma coisa que me emociona muito, a gente não tinha casa. Morávamos de favor em uma garagem, na casa de um parente. E tinha escorpião, vários insetos, e uma mulher jogou tudo, nossas coisas na rua. Expulsando a gente de lá. E a cidade se mobilizou com a história. E me lembro que a prefeitura de Francisco Morato-SP deu um terreno para meu pai, e que todos os motoristas de ônibus e fiscal da Moratense, se juntaram com o depósito da Dona Lourdes, e construíram uma casa para a gente. E no dia que meu pai, saiu do hospital que olhou tudo aquilo, ele chorava como se fosse uma criança. Eu já tinha três anos e estava meia confusa. Mas sabia que dali em diante eu tinha que cuidar da minha família.

[...]

Só que depois que eu comecei a ir no hospital visitar meu pai e via todas aquelas pessoas tristes. Esperando a doação. Esperando uma visita, um abraço, um sorriso, um oi, quer conversar?".  Eu aprendi que esse é meu legado. Eu não tenho dinheiro, não tenho. Queria muito ter, queria muito realizar o sonho de todas as crianças com câncer do mundo. Mas não posso. Eu só posso lutar, passar minha mensagem de vida para frente. 

Hoje meu pai está vivo, mora no interior de SP, ainda sofre, e toma remédios até hoje. A medula dele está rejeitando depois de 20 anos de transplante. O rim dele já não funciona mais direito. Tem um desgaste no fêmur das duas pernas, anda mancando, mora de aluguel. Minha mãe? Está viva também. Lutando, como sempre. Com um sorriso no rosto, independente das circunstâncias, ela tem epilepsia passou por muita coisa. Eu? Hoje casei, tenho um filho, estou passando um tempo em AL. Me sinto mal por estar longe dos meus pais, mas tenho um objetivo de vida, e meu pai um dia vai se orgulhar de mim, porque o meu legado eu vou estar cumprindo. 

Eu só quero deixar a mensagem, que ajude o próximo, se sensibilize, ajude sem olhar a quem. Não desista, Deus nunca vai desistir de você. Dificuldades? Sempre vão existir.

Teve muita gente envolvida nessa história, mais infelizmente não dá para citar todo mundo. Se um dia quiser me achar, entra em contato. Terei o prazer de conversar.

 

Deus abençoe todos.

Fernanda Alaíde.

 

 
 
 
 
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